Poluição do ar acelera Alzheimer, aponta estudo da JAMA Neurology
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia constataram que a exposição à poluição do ar por partículas finas (PM2.5) pode aumentar a gravidade da demência e das alterações neuropatológicas da doença de Alzheimer (ADNC). No estudo, quem foi mais exposto a esta poluição fina foi 19% mais propenso a apresentar danos cerebrais característicos do Alzheimer. E, em um subgrupo do estudo que possuía registros clínicos, esse ar poluído esteve ligado à piora da memória e da autonomia cotidiana. Para chegarem às conclusões do estudo, os pesquisadores examinaram dados de autopsia obtidos de 602 cérebros armazenados no Centro de Pesquisa de Doenças Neurodegenerativas da Universidade da Pensilvânia de 1999 a 2022. Estes resultados foram publicados na prestigiosa revista JAMA Neurology.
Os cientistas verificaram que as pessoas mais expostas a PM2.5 tinham mais chances de mostrar sinais graves da doença de Alzheimer no cérebro. Além disso, constatou-se que pessoas que se expuseram a mais PM2.5, antes de fazer um teste que mede a piora da demência (chamado CDR-SB), tinham mais dificuldades cognitivas e de desempenho.
Em termos de saúde pública, os resultados do estudo tem consequências importantes para o manejo da demência em localidades com alta poluição do ar. Primeiramente, a associação entre a exposição ao PM2.5 e o aumento da gravidade da doença de Alzheimer parece sugerir que reduzir a exposição à poluição atmosférica pode ser uma estratégia preventiva viável para diminuir o risco ou até mesmo retardar a progressão da demência.
Conclusão: Os resultados da pesquisa problematizam a idéia de que Alzheimer é apenas uma questão de genética ou das agruras do envelhecimento. É também uma doença ambiental. Desta forma, melhorar a qualidade do ar nas cidades não só desafogaria hospitais e reduziria a incidência de doenças respiratórias, mas poderia também proteger cérebros e suas memórias — um patrimônio inestimável e invisível que define quem somos (CC).
O que é PM2.5?
São partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar com diâmetro cerca de 30 vezes menor que o de um fio de cabelo humano (de até 2,5 micrômetros). Esta ‘poeira invisível’ da poluição urbana é produto da queima de combustíveis fósseis por veículos automotivos, indústrias, termelétricas, etc. e se apresenta como uma mistura de poeira, fuligem, metais pesados e compostos químicos tóxicos.
Fonte: Fiocruz