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Dispositivo acelera a cicatrização e previne amputações em pacientes diabéticos

No mês mundialmente dedicado à conscientização sobre a prevenção e o tratamento do diabetes, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) trabalham no desenvolvimento de uma nova abordagem terapêutica no país para o chamado pé diabético. O projeto é resultado de quase duas décadas de pesquisa contínua do Grupo de Engenharia Biomédica da UnB, coordenado pela professora Suélia Rodrigues e pelo pesquisador Adson Ferreira da Rocha.

O início dessa pesquisa tem raízes em uma experiência familiar que marcou Suélia: seu pai convivia com feridas nos pés decorrentes do diabetes, que eram difíceis de tratar e responsáveis por grande desconforto. A partir dessa vivência, surgiu a motivação para investigar alternativas que pudessem ajudar pessoas na mesma condição.

 “No meu doutorado, investiguei profundamente o látex. Ao orientar doutorados de alunos, busquei investigar feridas crônicas diabéticas, marcadas por inflamação persistente e baixa regeneração. O trabalho pioneiro da professora Fátima Mrue com biomateriais de látex mostrou resultados clínicos promissores e revelou uma oportunidade: transformar o látex em uma plataforma inteligente capaz de modular a inflamação e acelerar a cicatrização. Essa foi a base científica que impulsionou o desenvolvimento do Rapha”, explica Suélia Rodrigues.

O projeto, que recebeu o nome de cunho religioso ligado à cura, é um equipamento que ajuda na cicatrização de feridas de forma mais rápida e ajuda a evitar amputações nos casos de pessoas com o chamado pé diabético. 

“Durante muitos anos, a UnB sustentou a fase mais difícil que é a da prova científica. Foram teses, dissertações, estudos pré-clínicos e clínicos, aprovações éticas, ensaios de segurança e eficácia. Essa trajetória só foi possível graças ao apoio de instituições públicas como CNPq, CAPES, Ministério da Saúde, FAP-DF e ao impulso de emendas parlamentares que mantiveram o projeto vivo e em evolução. Mas, para que uma tecnologia saia da bancada e chegue ao leito do paciente, a universidade precisa de aliados que saibam transformar conhecimento em produto. É aí que entra a Life Care Medical. A Life Care assumiu o desafio industrial e regulatório do Rapha”, complementa Suélia Rodrigues.

Como funciona o dispositivo

O Rapha funciona de maneira prática e se apoia em dois elementos principais: um curativo feito de látex natural, retirado da seringueira, e a emissão de luz por meio de LEDs. O látex contribui para o surgimento de novos vasos sanguíneos, enquanto a luz estimula as células da pele, acelerando o processo de regeneração e a cicatrização da lesão.

No atendimento clínico, o profissional inicia realizando a higienização da região lesionada, aplica a lâmina de látex sobre a ferida e posiciona o dispositivo de luz por cerca de 30 minutos. Depois, o curativo permanece no local por 24 horas. O procedimento pode ser repetido diariamente, conforme recomendação médica.

Certificação e próximos passos

O dispositivo já recebeu a certificação de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e segue nas etapas finais de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), preparando-se para dar o próximo passo: chegar aos hospitais e serviços de saúde, contribuindo com a redução de amputações e do tempo de cicatrização, além de evitar um grande número de internações por infecções. 

Redação CREMERJ News