Ciência

Webinário apresenta previsões mais otimistas para a dengue em 2026

Pesquisadores e gestores públicos participaram do webinário Preparação para a temporada de dengue 2026: perspectivas de modelos preditivos, realizado pela Fiocruz em parceria com The Global Health Network América Latina e Caribe (TGHN LAC). O encontro contou com mais de mil inscritos de cerca de 50 países, refletindo o interesse internacional por iniciativas brasileiras de modelagem aplicada à vigilância de arboviroses.

A sessão teve mediação da pesquisadora da Fiocruz Claudia Codeço e apresentações dela e dos pesquisadores Oswaldo G. Cruz, pela Fiocruz, Flávio Coelho pela FGV, e da coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde (MS), Lívia Carla Vinhal Frutuoso. O evento foi promovido pelo Programa de Computação Científica (PROCC) da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz).

Codeço apresentou o projeto InfoDengue, enquanto Flávio Coelho divulgou os resultados do desafio internacional chamado InfoDengue–Mosqlimate Challenge 2025, voltado à previsão da temporada de dengue de 2026. A iniciativa mobilizou 52 pesquisadores de 15 equipes ao redor do mundo, com o objetivo de desenvolver modelos preditivos capazes de estimar a ocorrência da doença no Brasil e apoiar decisões estratégicas em saúde pública.

Redução de 72% em relação a 2024

Entre os principais resultados, um modelo conjunto chamado ensemble model combinou estimativas entre os algoritmos participantes e a estimativa é que ocorram 1,8 milhão de casos prováveis no país no período entre outubro de 2025 e outubro de 2026, com 65% a 70% concentrados na Região Sudeste. A projeção indica um ano de dengue similar a 2023 ou 2025. Não há indícios de uma temporada semelhante à 2024, quando o país registrou 6,5 milhões de casos prováveis, segundo dados do MS.

Segundo Livia, esse número de casos ainda é considerado alto e, para adequado manejo, será importante a participação de toda a sociedade e gestores para buscar ações de redução. Claudia ressaltou que ações de prevenção realizadas em novembro e dezembro podem contribuir muito para a redução de casos na temporada.

Ensemble model aumenta precisão das previsões de dengue em 2026

Flávio afirmou que a projeção ficou mais acurada justamente por causa da união dos modelos. “Nenhum modelo sozinho foi o mais acurado para todos os estados, daí a importância de reunir os modelos. Eles combinam diferentes perspectivas sobre o comportamento da dengue e permitem uma visão mais robusta da situação esperada para 2026. Nossas previsões são otimistas para o próximo ano”, destacou.

Oswaldo G. Cruz destacou a complexa realidade de tratar temas relacionados às doenças transmitidas por vetores como o mosquito Aedes aegypti, já que é necessário considerar fatores como clima, mobilidade humana e imunidade adquirida, entre outros. “Não é uma questão simples, a das arboviroses”, comentou Cruz.

MS incorpora modelos à vigilância de dengue em 2026

Em sua apresentação, Lívia Carla Vinhal Frutuoso destacou como o Ministério da Saúde tem incorporado a modelagem preditiva à rotina de vigilância epidemiológica, em um processo contínuo de preparação e tomada de decisão. “As modelagens são utilizadas como apoio à vigilância. Mas não são as únicas estratégias usadas pelo Ministério para o preparo para cenários futuros e na definição de estratégias de resposta”, afirmou.

Clique aqui e leia o relatório técnico detalhado do desafio disponível para acesso público na plataforma Mosqlimate, e a gravação completa do webinário pode ser assistida no canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz. Acesse a plataforma da The Global Health Network América Latina e Caribe (TGHN LAC) e confira as apresentações completas dos palestrantes e outros recursos.

Fonte: Fiocruz