Cinema na Pediatria: Uma janela de alegria no HUGG-Unirio
Na Pediatria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), uma iniciativa vem mudando a rotina das crianças internadas. Através de sessões de cinema, o projeto leva um pouco de alegria e alívio para os pequenos pacientes e seus familiares, proporcionando uma pausa bem-vinda no cotidiano hospitalar.
“Pensamos que uma das dificuldades de quem está internado, principalmente em internações longas, é perder um pouco a dimensão de tempo e espaço, e isso, às vezes, é prejudicial para o próprio tratamento”, explicou o psicólogo Bruno Oliveira, adicionando que o projeto visa criar um dia a dia mais leve, marcado por atividades lúdicas, ajudando na recuperação dos pacientes.
A médica Ana Paula Tavares ressaltou a importância de humanizar o espaço hospitalar. “A ideia surgiu muito mais da demanda de tentar transformar a enfermaria num ambiente mais acolhedor, mais humano para as crianças e familiares, principalmente os que ficam a longo prazo”, afirmou. O objetivo é criar expectativas positivas e momentos de alegria.
Aline Vieira, nutricionista, também vê o projeto como uma forma de tornar a internação mais suave. “Tem criança que fica internada muito tempo e aí ter essa expectativa de que vai acontecer algo diferente já anima o dia delas”, comentou.
As sessões ocorrem às quartas-feiras à tarde, aproveitando o auditório do hospital, que possui estrutura de cinema com poltronas em arquibancada e um grande telão. “Os filmes são escolhidos pelos próprios pacientes, a partir de uma conversa anterior que temos (…) Quando só temos crianças pequenas internadas, também fazemos programação para os pais, ajudando-os durante o processo de internação”, falou Bruno.
Ana Paula detalhou a logística: “Inicialmente, estamos fazendo com os pacientes da enfermaria e seus acompanhantes setorizados, adaptando aos casos e idades dos pacientes.” Ela destacou que a experiência é completa, com direito a pipoca, conforme a condição clínica permite. “Cinema pede pipoca, né? Se não, não é cinema,” disse, com um sorriso.
Perspectiva Humana
O projeto está alinhado com a política de humanização do SUS, que visa tornar o ambiente hospitalar mais propício à recuperação, considerando o paciente como um todo. “O adoecimento não acontece só no corpo, impacta todo um conjunto de relações com a família e o sujeito está angustiado, fora de sua rotina,” informou o psicólogo.
Além de oferecer entretenimento, o cinema no hospital fortalece os laços entre pacientes, familiares e a equipe médica. “Permite que a gente consiga estar num espaço em que estamos travando relações um pouco menos formais, criando outras formas de vínculo em relação aos pacientes,” acrescentou Bruno.
“Se nos limitarmos só à Medicina e ao remédio, não teremos a resposta adequada. Temos de olhar o paciente como um ser integral, com relações e sentimentos (…) Cinema é uma coisa meio família, meio grupo, meio amigos também”, disse Ana Paula.
Aline concordou, enfatizando a visão integral do cuidado. “Profissional de saúde de verdade não vê mais um paciente como uma doença. Entende que o paciente tem relações, sentimentos e milhões de fatores que interferem no tratamento. (…) Essa atividade conjunta, onde os pacientes e acompanhantes saem um pouco da enfermaria, já faz a diferença “, comentou.
Respostas à atividade
Desde o início, já foram realizadas três sessões, com feedback positivo tanto de pacientes quanto de seus familiares. A experiência é inclusiva, permitindo que mesmo pacientes com necessidades especiais, como soro ou medicação, participem.
Kemilly Sophia, de oito anos, falou com entusiasmo sobre a experiência: “Foi muito bom. Teve pipoca, iogurte e suco. É legal sair um pouco, dá para esquecer. (…) Ganhei presente das minhas amigas de quarto. Agora estou feliz para ir embora, quero ir para a escola”, disse ela.
A mãe de Kemilly, Fabiola Amorim, expressou sua gratidão pelo cuidado recebido no hospital. “Eles cuidaram da minha filha, deram presente para ela, fizeram ela se sentir em casa (…) É muito bom ser tratado como gente. E olha que é um hospital público, parece até que é pago”, concluiu.
*Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
**Foto: Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh